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Pele, um órgão a céu aberto onde habita muita diversidade de microorganismos

Atualizado: 28 de ago. de 2020

A pele é o revestimento externo do corpo, considerado o maior órgão do corpo humano e o mais pesado. É considerada a primeira barreira imunológica do organismo humano (1).

Apesar existir uma crença muito forte de que o estrato córnea, camada mais externa da pele, seja composto apenas por células mortas, diversos estudos já comprovaram que, na verdade, essa região é biologicamente muito ativa, e de extrema importância não só para a saúde da pele em si, mas para a saúde do organismo como um todo. Mais do que uma barreira física contra os possíveis patógenos (no sentido de impedir fisicamente que esses antígenos consigam ‘invadir’ o organismo), o estrato córneo é uma barreira biológica, uma vez que possui uma extensa gama de microrganismos que o habitam – a chamada microbiota da pele (2).

O conhecimento científico sobre as interações humanas relacionadas à diversidade de microrganismos componentes da microbiota humana se desenvolveu nos últimos anos em diferentes áreas da ciência. A microbiota humana é definida como o conjunto de microrganismos que reside no organismo humano, sendo estes considerados ‘defensores’ no sentido de impedir que outros microrganismos possivelmente patogênicos colonizem o mesmo ambiente, quanto como reguladores ativos do sistema imunológico humano (3).

Na microbiota humana os microrganismos podem ser mutualistas, comensais e oportunistas. Mutualistas são os microrganismos que protegem o hospedeiro, pois produzem nutrientes importantes e colaboram para o crescimento e desenvolvimento do sistema imunológico. Comensais são os microrganismos que mantêm associações sem benefícios ou malefícios detectáveis, sendo estas associações neutras. Oportunistas são os microrganismos que causam doenças em indivíduos com o sistema imune comprometido devido a vários fatores, tais como nos casos de: infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida humana, terapia imunossupressora de transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer, queimaduras extensas ou perfurações das mucosas (4).

Deste modo os diferentes microrganismos componentes da microbiota humana exercem funções importantes e fundamentais para a saúde humana. Segundo Cândido, Tunon e Carneiro (4), a aquisição de uma microbiota residente, ou seja, uma população microbiana que permanece no corpo ao longo da vida ocorre em etapas e é fundamental para a saúde humana. Cada organismo humano fornece habitats com condições ambientais favoráveis distintas que selecionam o crescimento e distribuição das populações microbianas em resposta a fatores externos e fisiológicos da pessoa como idade, dieta, estado hormonal, saúde e higiene pessoal (3).

Microbiota da pele é composta por diversos microrganismos, como bactérias, fungos, leveduras e até vírus, os quais habitam simbioticamente a pele. A presença desta inibi o surgimento de microrganismos patogênicos (tanto pela competição por território e alimento, quanto pela produção de enzimas tóxicas a esses patógenos) e induz as células T reguladoras locais evitando respostas inflamatórias exageradas ou indesejadas (tanto localmente quando sistemicamente) e com isso garante a integridade da pele e da homeostase dos células que a compõem (2, 3).

Quadros de desordens cutâneas comuns, como o eczema, têm se mostrado cada vez mais frequentes causadas por desordens na microbiota da pele, o que demonstra uma necessidade latente por produtos cosméticos que auxiliem a restaurar a flora bacteriana da pele (2). Porém, atualmente, o que vemos aqui no Brasil é o uso de cosméticos com concentrações altas de conservantes e produtos sintéticos que desestabilizam a microbiota da pele.

Mesmo dentro do movimento da cosmética natural artesanal vê-se uma discussão no sentido de se adequar as regras da industria farmacêutica em relação a conservação e estabilidade dos produtos apenas com a preocupação de se usar um conservante ecocert, mas não uma reflexão e uma proposta de desenvolver produtos que respeitem a microbiota da pele.

Neste sentido, a Misture Mercearia, vem se esforçando para desenvolver estes produtos que pensam na pele e não na logística das grandes industrias e nem prateleira onde ficarão aguardando por meses serem consumidos. Por isso acreditamos que nos aproximamos mais com a culinária do que com a industria farmacêutica e que nossos produtos devem ser tratados como alimentos para pele e não drogas de tratamento.

Se o uso de cosméticos com conservantes e sintéticos que inibem a flora cutânea já é um problema, imagina sobre esta óptica as consequências de se utilizar fungicidas e antibióticos diretamente sobre a pele?

Deste modo, utilizar fungicida ou antibiótico sintéticos direto na pele só em casos de infecções muito graves e bem diagnosticadas com exames de culturas!

Referências Bibliografias

1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele

2 https://www.cleberbarros.com.br/microbiota-da-pele/

3 GONÇALVES, M. A. P. Microbiota – implicações na imunidade e no metabolismo. 2014. 53p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal, 2014

4 CÂNDIDO, A. L.; TUNON, I.L.; CARNEIRO, M.R.P. Microbiologia Geral. São Cristovão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2009

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